quarta-feira, 26 de novembro de 2008

David x Picasso - Neoclássico e Moderno (diferenças)



Fonte desta Imagem: http://pt.wikipedia.org


Esta obra, Napoleão Bonaparte cruzando os Alpes, é um retrato eqüestre do imperador no monte São Bernardo, é datada aproximadamente, de 1801 a 1805 (encontra-se por vários teóricos, a data de 1801). Esta é uma das cinco versões do artista neste tema à Bonaparte. Este retrato foi uma encomenda do imperador espanhol na França, a composição faz uma versão fortemente idealizada da verdadeira passagem de Napoleão e de seu exército pelos Alpes em 1800. O tema histórico era um dos mais trabalhados, além dos temas bíblicos, de história antiga e moderna. David pintava também alguns temas mitológicos, como o “Juramento dos Horácios” por exemplo, porém, eram raros artistas que o faziam nesta época.
A realidade minuciosa das formas e a fidelidade em seus volumes e cores impressionam rapidamente a qualquer expectador desta tela a óleo. A exatidão era para Jacques-Louis David, um ponto importante, o que realmente diferenciava do barroco e aproximava do estilo clássico de Rafael.
Podemos ver uma das características importantes do período Neoclássico, a emoção imposta nesta pintura, é como se o imperador estivesse orgulhoso de uma grande vitória com seu exército.
Outras características importantes são o predomínio da razão sobre o sentimento, o equilíbrio presente em todas as obras a harmonia e serenidade de cores, volumes e formas e o rigor formal. David usava a claridade máxima, e nesta obra ele representa Bonaparte em dia claro e em absoluta luz.
Napoleão e David eram amigos de longa data, desde que Napoleão ainda era general, admiravam-se mutuamente e David pintara o amigo em várias outras ocasiões.
Na forma fechada de eixo axial, podemos acompanhar o modelado preciso, exercitado pelo artista em meio a cores naturalistas, provenientes de uma realidade ímpar, a qual podemos perceber que há uma fidelidade entre a cena, o heroísmo de Bonaparte, o tema e as pinceladas de David. Podemos ainda encontrar o sobrenome do amigo de David entalhado numa pedra (à esquerda abaixo) e seu exército ao fundo, subindo por outros caminhos desbravando-o.
Ainda a tempo, o efeito de profusão se dá por meio de perspectiva científica e o volume, classicamente aplicado, nos mostra tamanha pesquisa do artista.


Fonte desta Imagem: http://filipaqueiroz.files.wordpress.com/



Para entendermos a imagem retratada na tela de Pablo Picasso, em têmpera sobre tela, medindo 3,54 x 7,82 m., precisamos primeiramente entender o que é Guernica, onde fica e os motivos pelos quais o artista a retratou. A obra é datada de 1937, quando Pablo Picasso morava em Paris.
Picasso era nesta altura de sua vida, um artista renomado e requisitado para várias aberturas de grandes exposições. Na verdade, o cubista aventureiro se faz valer de um convite para uma dessas aberturas, a da Exposição Internacional de Paris, onde foi exposto no Pavilhão da República Espanhola, e traduz os sentimentos daquela gente durante bombardeio à comunidade espanhola, localizada no País Basco, de Guernica.
O bombardeio feito pelos nazistas em 26 de Abril de 1937, durante a Guerra Civil Espanhola, tocou o artista profundamente em mostrar ao mundo o que restara da cidade após o violento bombardeio e o que sobrara daquela que outrora era uma pacata cidadezinha.
Restos de pessoas, crianças mortas, mães desesperadas com seus filhos nos braços vendo-os esvair-se, como podemos ver em um ponto da tela, animais enfurecidos tentando proteger seus donos de tamanhos barulhos, mas que de nada os adiantando, o touro símbolo da Espanha por suas antigas e tradicionais touradas.
Ainda podemos perceber que o artista representa uma espada quebrada, provavelmente querendo mostrar que de nada adiantou o clamor daquele povo, ou uma bravura neste meio tempo de testes de armas potentes ou não, o suficiente para a segunda guerra mundial, ou talvez a trágica e inútil tentativa de defender o local do inimigo que caira do céu.
Há quem diga que alguns dos nazistas que participaram dos bombardeios à cidade, foram a Picasso e lhe perguntaram: “Foi você quem fez isso?” obtendo a resposta do mesmo: “Não, foram vocês! Eu só o pintei”. Estava claro que Picasso queria suplicar ao povo uma reação, algo que os pudesse colocar em postura de defesa de si próprios, ou pelos outros, os que sofreram arduamente durante o fogo de tais momentos.

No painel, podemos notar a presença de algumas lâmpadas, o que nos faz pensar sobre os problemas que Guernica enfrentou, falta de paz, desabrigados, muitos perdidos, famílias separadas, pode ter sido a intenção de Pablo, representar o desespero por soluções através da luz, como se seus habitantes tivessem perdido o chão após os bombardeios.

Os rostos retorcidos e os corpos desconjuntados nos fazem desconstruir a maneira clásica de pensar as formas e ainda questionar os motivos da necessidade delas, por que precisavam insistentemente fidelizar a realidade e também o que este 'amontoado', se é que assim o podemos chamar, de contornos curvos cheios de expressividade têm de belo.
Na expressão cubificada das formas, vinda do precursor Cezanne, em outro momento artístico, encontramos a beleza da expressão dos setimentos e a exposição dos sentimentos reais do artista. Picasso traduz sua dor e a une com seus personagens o que nos mostra em sua paleta de cores tristes.

Para ler a conclusão deste trabalho, clique na imagem abaixo para que a mesma amplie.

Esta imagem foi a conclusão montada em Power Point e convertida a formato JPEG para apresentação neste blog.


Acadêmica de Artes Visuais: Ana Maria Citadin Johann

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