quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Neoclássico X Moderno

A odalisca com escravo- Jean Dominique Ingres
Os planos constituem uma forma de hierarquia.
No primeiro plano, a odalisca, no segundo, uma serva, e no terceiro o escravo. A luz presente na foto também privilegia a odalisca, e por último nos revela o escravo, a espreita, às escuras, no fundo.
Também podemos notar como nenhum dos personagens presentes na tela está na mesma posição.
Enquanto a odalisca está na posição horizontal, ocupando toda a largura do quadro, sua serva está a esquerda e o escravo à direita, criando um equilíbrio para a pintura.
Sobre as cores podemos destacar o contraste entre tons quentes como o vermelho e o laranja que, em oposição aos tons escuros que escondem partes da tela.
O contraste nos ambienta em um local aconchegante e confortável.

Fonte: wiki.eca.luli.com.br/index.php?title=Ingres


Marcella- Ernst Ludwig Kirchner
A figura da mulher sentada está inclinada para frente, o corpo está mal mostrado para dar destaque a cabeça em primeiro plano.
Kirchner faz um quadro amargo, quase desagradável. O quadro é elaborado sobre poucos tons fundamentais: vermelhos e amarelos, verdes e azuis.
O quadro parece se subtrair e se retrair, recusando a luz, é apenas algo nu, frágil, dolorosamente contraído sob o rosto emagrecido, devorado pela enormicidade dos olhos e da boca, pela massa dos cabelos soltos.
Kirchner procura colocar a obra num estado de não equilíbrio, que cria no observador uma sensação de mal estar, quase de angústia.
Os contornos já não intermedeiam a relação entre figura fundo, mas cortam até o âmago como tesouradas; os vermelhos e amarelos do fundo se põem a frente, quase destroem o róseo das carnes. A mancha de sombra nos cabelos e em volta do pescoço é verde- escura, é como que uma zona vazia, um buraco. Ela assim como os contornos dos braços, parece escavada a força no plano compacto da cor.
O próprio achatamento e a esquematização da imagem parecem trair sua origem de imagem em negativo, que se torna visível pela estampa, pela prensagem. É verdade que Kirchner também deve seu modo de compor a Matisse, com vastas zonas de cores lisas, mas a insistência sobre as linhas retas e os ângulos, de preferência às curvas, converte a expansão da imagem cromática matissiana num efeito contrario de contração. Aliás, Kirchner chegou a Matisse por uma via que não a do Impressionismo – na origem dessa melancólica figura de adolescente inquieta, encontra-se Munch, com sua angustia existencial, seu complexo erótico-trágico de sensualidade e culpa.
Fonte: Arte Moderna- Giulio Carlo Argan
Juliana Turra Dos Santos

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